https://youtu.be/NgRI4aNp3YQ
A Carta Magna do Brasil – a Constituição Federal de 1988 – define a família como sendo a “base da sociedade” (art. 226). “Base” ou “fundamento” refere-se à ideia de que a vida em sociedade deve apoiar-se sobre o alicerce da família para se manter firme.
São muitos os males que podem levar a sociedade por um caminho de autodestruição: epidemias, conflitos, guerras etc. Males assim já fizeram grandes estragos ao longo da história, infelizmente. O ataque à família, no entanto, configura-se como o pior dos males de nosso tempo. Se for destruída a família, base da sociedade, toda a humanidade sofrerá a terrível consequência...
Guardiã dos valores fundamentais da pessoa humana, a Igreja tem a responsabilidade de proteger e promover a família, pois reconhece que ela “é a célula originária da vida social. É ela a sociedade natural em que o homem e a mulher são chamados ao dom de si no amor e no dom da vida. [...] A vida da família é iniciação à vida em sociedade.” (Catec., 2207). Ademais, “a família, comunidade natural na qual se experimenta a sociabilidade humana, contribui de modo único e insubstituível para o bem da sociedade. [...] Uma sociedade à medida da família é a melhor garantia contra toda a deriva de tipo individualista ou coletivista, porque nela a pessoa está sempre no centro da atenção enquanto fim e nunca como meio”. (Compêndio, 213).
Uma instituição fundamental
A base fundamental de toda sociedade é a família. Na Carta às Famílias (Gratissimam Sane), escrita por S. João Paulo II em 1994, a família é definida como “uma comunidade de pessoas, a mais pequena célula social, e como tal é uma instituição fundamental para a vida de cada sociedade. (Carta às Famílias, 17).
As instituições são importantes para uma boa organização social. Mas não existe nenhuma outra instituição mais fundamental para a realização de uma boa sociedade que a “instituição Família”.
Quando observamos a realidade atual e nos deparamos com as espessas trevas em que vive a sociedade, ficamos nos perguntando aonde estaria a raiz de tantos males. A perda de referência dos princípios e valores morais é compreendida como razão mais profunda da confusão social em que vivemos, pois sem esses princípios e valores o ser humano perde completamente a noção do que significa viver em sociedade.
A questão que se levanta diante disso é: de onde recebemos nosso referencial moral para a vida em sociedade? Aqui está o ponto central de nosso tempo. De nada adiantaria dizer que a sociedade vai mal “porque se perderam os valores”, como nada adiantaria dizer que “o doente irá morrer porque perdeu a saúde”. Acreditamos que o “remédio” para nossa sociedade está nas mãos de Deus, que nos confia a reestruturação e aperfeiçoamento das instituições. Sobretudo, e prioritariamente, a proteção e promoção da instituição familiar.
Somente as boas instituições podem regular e ordenar o comportamento humano. Marcados pelo pecado original, a nossa tendência humana inclina-se a desviar-se do bem e fazer o mal. É verdade que a graça de Deus vem em nosso socorro, mas é preciso reconhecer que essa mesma graça chega a nós através de instituições como a Igreja e a Família, dentre outras.
Quando, por exemplo, uma criança começa seu processo formativo, é a instituição familiar, por meio dos pais, quem apresenta a ela as “regras” a respeito do que se pode ou não fazer, do que é bom ou mal... O estabelecimento de normas parecem inicialmente limitar a liberdade, mas é exatamente esse poder institucional da família que ajuda a formar o caráter da pessoa e que introduz na sociedade cidadãos de bem. Por isso, a Igreja ensina que “a autoridade, a estabilidade e a vida de relações no seio da família constituem os fundamentos da liberdade, da segurança, da fraternidade no seio da sociedade.” (Catec., 2207). A família é, portanto, a comunidade em que, desde a infância, se podem aprender os valores morais, começar a honrar a Deus e a fazer bom uso da liberdade.
O ataque frequente à família
Não nos surpreende como a família tem sido alvo de tantos ataques, especialmente através das mídias? Seria apenas “obras do acaso” a onda que invade nosso país com tantos programas de televisão, filmes, músicas, manifestações com apoio público e privado contra a família? Ou seriam essas iniciativas uma estratégia muito bem planejada para a destruição da instituição familiar?
Sim. Estamos assistindo a um verdadeiro ataque planejado contra a família. A inversão de valores, a desordem moral e a elaboração de ideologias falaciosas enganam e disfarçam a insensatez de uma sociedade perdida nas trevas do pecado. O caos que se instala nas relações sociais, a falta de confiança mútua e uma falsa “religião do respeito”, sem Deus, lançam-nos num futuro incerto e num paganismo imoral.
A importância da família para a sociedade
Assegurar a existência da família enquanto base fundamental da sociedade é responsabilidade de todos nós cristãos. Devemos começar lutando pelas nossas próprias famílias. A sociedade precisa voltar a crer que a família não é uma instituição qualquer, descartável ou ultrapassada. Pelo contrário, devemos testemunhar através de um comportamento digno que as famílias fundadas sobre princípios e valores cristãos se tornam “luz do mundo” e ajudam a iluminar as trevas de nosso tempo.
É necessário também nos conscientizarmos sobre a importância fundamental de assumirmos a responsabilidade de lutarmos contra todas as mentiras e contra-valores que todos os dias se levantam contra a família.
Que a Sagrada Família interceda pelo Brasil a fim de que se derrame um novo pentecostes sobre nossa nação e mantenha firme a Família, instituição fundamental da sociedade!
Rogério Santos
Fundador da Comunidade Kénosis
Membro do Conselho Estadual da RCC SP