Você já se imaginou vivendo numa casa onde os pais estão sempre brigando, os irmãos desunidos e um marido que agride a mulher? Será que isto seria algo bom? O ser humano tem a unidade como uma aspiração. Há uma canção que diz:
“Um lar aonde os pais ainda se amam
E os filhos ainda vivem como irmãos”
Na Igreja, família de Deus, qual seria a forma correta de se relacionar? Na discórdia e na divisão ou no amor e na unidade? Por essa razão, é melhor vivermos como irmãos, pois somos filhos de um mesmo Pai.
A Igreja incentiva seus membros a serem de sinais de paz. O caminho proposto pela Igreja para o exercício do amor em meio as diversas crenças cristãs é o Ecumenismo. Este termo vem do grego oikoumene e se refere ao cuidado com a casa.
A Igreja, corpo místico de Cristo, quer responder a oração sacerdotal de Jesus: “Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17, 21).
A unidade é vontade de Deus. O Deus uno e trino, ao criar o ser humano a sua imagem e semelhança marcou a sua criatura com a necessidade de estabelecer relações sociais (cf. Gn 2, 18), diante disso o salmista entoou: “Oh, como é bom, como é agradável para irmãos unidos viverem juntos” (cf. Sl 133, 1).
Se é o desejo de Deus, a Igreja Católica, já antes do Concílio Vaticano II se posicionou favorável ao diálogo ecumênico. Isto se deu no documento do Santo Ofício chamado Ecclesia Sancta de 1949. Neste texto, o Papa reconhece que “o movimento ecumênico é inspirado pelo Espírito Santo e fonte de alegria no Senhor para os filhos da verdadeira Igreja”.
Dando sequência ao projeto de Deus, os padres conciliares no Vaticano II publicaram o Decreto Unitatis Redintegratio sobre este tema e, posteriormente, São João Paulo II lançou o belíssimo documento Ut Unum Sint. Neste último os fieis são convocados a contribuírem com a construção do ecumenismo, pois nossa divisão é um escândalo para o mundo (cf. UR 6).
Como são belas as palavras da Igreja no documento Unitatis Redintegratio: “a solicitude para instaurar a unidade se impõe a toda a Igreja, tanto aos fieis, como aos pastores, e afeta a cada um em particular (UR 5)”. Diante delas não podemos ficar parados!
De acordo com o Cardeal Suenens, no documento de Malines “a Renovação Carismática é por sua natureza ecumênica” (Cf. Malines 5, 3). Seguindo essa direção, o Papa Francisco, em 2014 conclamou o nosso movimento a levar a cabo o diálogo ecumênico.
Se realmente somos fieis a Jesus Cristo, a Igreja Católica e ao movimento da Renovação Carismática Católica, devemos promover a unidade, eliminando palavras, juízos e ações que, segundo a equidade e verdade, não correspondem à condição dos outros cristãos.
Obediente a diretriz da Igreja, no ENF 2017, Vinicius Simões, coordenador estadual da RCC RJ, afirmou: Só tem medo de fazer ecumenismo, quem tem medo de deixar de ser católico; pois “Ecumenismo não se trata, neste contexto, de modificar o depósito da fé, de mudar o significado dos dogmas, de banir deles palavras essenciais, de adaptar a verdade aos gostos de uma época, de eliminar certos artigos do Credo com o falso pretexto de que hoje não se compreendem. A unidade querida por Deus só se pode realizar na adesão comum ao integral da fé revelada (Ut unum sint 18).
O Jubileu de Ouro da Renovação Carismática Católica será um tempo de oportuna reflexão. O Senhor tem nos chamado a uma volta as nossas raízes. Recordo que nosso movimento nasceu com esta missão também de promover o diálogo ecumênico na Igreja.
É tempo de olharmos de onde viemos e aonde chegamos, para que por mais desafiador que seja o diálogo ecumênico, possamos encarar isso como missão, pois se entendemos que nosso movimento nasceu com uma direção ecumênica, diante do desafio que temos hoje, muitos paradigmas poderão ser derrubados para que a unidade do corpo seja restaurada e para que estejamos em obediência com aquilo que a Igreja tem proposto para nós.
A Renovação Carismática é Católica e como o diálogo ecumênico é missão da Igreja, somos chamados a assumir essa missão. No Estado de São Paulo foi constituída a Comissão de Unidade que tem como um dos seus pilares o trabalho de conscientização ecumênica. Nosso objetivo é realizar um trabalho coeso nas 42 dioceses do Estado levantando promotores da unidade.
Vamos juntos fazer história. Chegou a hora de restaurar a unidade da casa da família de Deus.
Deus o abençoe!
Imagem: Divulgação/Internet