Na primeira pregação da Quaresma na Capela Redemptoris Mater no Vaticano, o Padre Raniero Cantalamessa, Pregador da Casa da Pontifícia, propõe, nesta sexta-feira (27), reflexões à Exortação Apostólica 'Evangelii Gaudium' do Papa Francisco.
1. O encontro pessoal com Jesus de Nazaré
Escrita em conclusão do sínodo dos bispos sobre a nova evangelização, a exortação apresenta três polos de interesse interligados: o sujeito, o objeto e o método de evangelização, ou seja, quem deve evangelizar, o que se deve evangelizar e como se deve evangelizar. Sobre o sujeito evangelizador, o papa diz que se trata de todos os batizados:
"Em virtude do batismo recebido, todos os membros do povo de Deus se tornaram discípulos missionários (cf. Mt 28,19). Todo batizado, seja qual for a sua função na Igreja e o nível de instrução da sua fé, é um sujeito ativo da evangelização e seria inadequado pensar num esquema de evangelização realizado por atores qualificados e no qual o resto do povo fiel fosse apenas receptor das suas ações. A nova evangelização tem de envolver um novo protagonismo de cada um dos batizados" (nº 120).
Esta afirmação não é nova. Ela já tinha sido feita pelo beato Paulo VI na
Evangelii nuntiandie por São João Paulo II na
Christifideles laici. Bento XVI também insistiu no papel especial de evangelização reservado à família
[1]. Antes ainda, o chamado universal a evangelizar tinha sido proclamado pelo decreto
Apostolicam actuositatem, do Concílio Vaticano II. Certa vez, ouvi um leigo norte-americano começar assim um discurso de evangelização: "Dois mil e quinhentos bispos, reunidos no Vaticano, me escreveram pedindo para vir anunciar o Evangelho a vocês". Todos, é claro, ficaram curiosos para saber quem era aquele homem. E ele então, cheio de bom humor, explicou que os dois mil e quinhentos bispos eram os que tinham participado do Concílio Vaticano II e escrito o documento sobre o apostolado dos leigos. Ele estava absolutamente certo: aquele documento não era genérico, mas dirigido a todos os batizados e ele o considerava justamente como dirigido a ele em pessoa.
Não é, portanto, neste ponto que se deve procurar a novidade da EG do papa Francisco. Ele apenas reitera o que seus antecessores tinham inculcado repetidamente. A novidade tem de ser buscada em outro lugar, no apelo que ele faz aos leitores no início da carta e que, penso eu, constitui o coração de todo o documento:
"Convido todos os cristãos, de todo lugar e situação, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo, ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de procurá-lo todos os dias com firmeza. Não há motivo para que alguém ache que este convite não é para ele" (EG, nº 3).
Isto quer dizer que o objetivo último da evangelização não é a transmissão de uma doutrina, mas o encontro com uma pessoa, Jesus Cristo. A possibilidade de tal encontro cara a cara depende do fato de que, ressuscitado, Jesus está vivo e quer andar ao lado de cada crente, do mesmo jeito que andou ao lado dos dois discípulos na estrada para Emaús; mais ainda, do mesmo jeito que estava presente no coração de ambos quando eles voltavam para Jerusalém, depois de recebê-lo na partilha do pão.
Na linguagem católica, o "encontro pessoal com Jesus" nunca foi um conceito muito familiar. Em vez de encontro "pessoal", preferia-se a ideia do encontro eclesial, que se realiza através dos sacramentos da Igreja. A expressão evocava, aos nossos ouvidos católicos, certas ressonâncias vagamente protestantes. O papa não pensa, é claro, em um encontro pessoal que substitua o eclesial; quer apenas dizer que o encontro eclesial deve ser também um encontro livre, desejado, espontâneo, não puramente nominal, jurídico ou de mero hábito.
Para entender o que significa ter um encontro pessoal com Jesus, é preciso considerar, ainda que de modo sumário, a história da Igreja. Como é que alguém se tornava cristão nos três primeiros séculos da Igreja? Com todas as diferenças de indivíduo para indivíduo e de lugar para lugar, tornar-se cristão era algo que acontecia depois de uma longa iniciação, o catecumenato, e era fruto de uma decisão pessoal e arriscada, por causa da possibilidade do martírio.
As coisas mudaram quando o cristianismo se tornou primeiramente uma religião tolerada (Edito de Constantino, em 313) e, depois, num curto espaço de tempo, uma religião favorecida, quando não, até, imposta. No início do século VI, uma lei do imperador Teodósio permitia somente aos batizados o acesso a cargos públicos. Somou-se a isto o fato das invasões bárbaras, que, rapidamente, mudaram por completo a configuração política e religiosa do império. A Europa Ocidental se tornou um mosaico de reinos bárbaros, com uma população que em alguns casos era ariana e, na maioria dos casos, pagã.
Nas regiões do antigo império (em especial no Oriente e no centro-sul da Itália) tornar-se cristão não era mais uma decisão do indivíduo, mas da sociedade, tanto mais porque o batismo tinha passado a ser administrado principalmente às crianças. Quanto aos reinos bárbaros, imperava entre a sua população o costume de seguir a decisão do chefe. Quando, na véspera do Natal de 498 ou 499, o rei franco Clóvis foi batizado em Reims pelo bispo São Remígio, todo o seu povo o seguiu (é por isso que a França ganhou o título de "filha primogênita da Igreja"). Começava assim a prática do batismo em massa; bem antes da Reforma protestante, vigorava a norma "
cuius regio eius et religio": a religião do rei é também a do reino.
Nesta situação, a ênfase não é mais colocada no momento e na maneira de alguém se tornar cristão, ou seja, no ato de abraçar a fé, e sim nas exigências morais da fé, na mudança de costumes; em outras palavras, na moralidade. A situação, no entanto, era menos grave do que pareceria hoje, porque, apesar de todas as incoerências que conhecemos, a família, a escola, a cultura e, aos poucos, também a sociedade ajudavam, quase espontaneamente, a absorver a fé. Sem contar que, desde o início da nova situação, tinham nascido formas de vida, tais como o monacato e, depois, as várias ordens religiosas, nas quais o batismo era vivido em toda a sua radicalidade e a vida cristã era fruto de uma decisão pessoal, muitas vezes heroica.
Esta situação de "cristandade" mudou dramaticamente, mas não vem ao caso, neste momento, ilustrarmos os tempos e modos dessa mudança. Basta sabermos que não é mais como nos séculos passados, quando a maioria das nossas tradições e a nossa própria mentalidade se formou. O advento da modernidade, iniciado com o humanismo, acelerado pela Revolução Francesa e pelo Iluminismo, a emancipação do Estado em relação à Igreja, a exaltação da liberdade individual e da autodeterminação e, por fim, a secularização radical que resultou desse processo, já mudaram profundamente a situação da fé na sociedade.
Daí a necessidade urgente de uma nova evangelização, isto é, de uma evangelização cuja base seja diferente das tradicionais e que leve em conta a nova situação. Trata-se, na prática, de criar para as pessoas de hoje as oportunidades que lhes permitam tomar, neste novo contexto, a decisão pessoal livre e madura que os cristãos tomavam no início, ao receberem o batismo e se tornarem cristãos reais, não apenas nominais.
2. Como responder às novas exigências?
É claro que não somos os primeiros a levantar a questão. Para não voltar ainda mais no tempo, lembremo-nos da instituição, em 1972, do Rito da Iniciação Cristã dos Adultos, que propõe uma espécie de caminho catecumenal para o batismo dos adultos. Em alguns países de religião mista, onde muitas pessoas pedem o batismo quando adultas, este instrumento se mostrou altamente eficaz.
Mas o que fazer com a massa de cristãos já batizados que vivem como cristãos apenas de nome e não de fato, completamente alheios à Igreja e à vida sacramental? A resposta para este problema veio mais de Deus mesmo do que da iniciativa humana: são os inumeráveis movimentos eclesiais, agregações de leigos e comunidades paroquiais renovadas, surgidas depois do concílio. A contribuição conjunta de todas essas realidades, apesar da grande variedade de estilos e de número, é que elas são o contexto e o instrumento que permite que tantos adultos façam uma escolha pessoal por Cristo, uma escolha de levar a sério o seu batismo, de se tornarem membros ativos da Igreja.
São João Paulo II via nesses movimentos e comunidades paroquiais vivas "os sinais de uma nova primavera da Igreja". Na
Novo millennio ineunte, ele escreveu:
"É de grande importância para a comunhão o dever de
promover as várias realidades agregadoras, que, seja nas formas mais tradicionais, seja nas formas mais novas dos movimentos eclesiais, continuam a dar à Igreja uma vivacidade que é dom de Deus e constitui uma verdadeira ‘primavera do Espírito’"
[2].
Bento XVI se expressou da mesma forma em várias ocasiões. Na homilia da Missa Crismal da Quinta-Feira Santa de 2012, ele disse:
"Quem olha para a história pós-conciliar é capaz de reconhecer a dinâmica da verdadeira renovação, que, muitas vezes, tomou formas inesperadas em movimentos cheios de vida e que torna quase palpáveis a vitalidade inesgotável da santa Igreja, a presença e a ação eficaz do Espírito Santo".
3. Por que o evangelho enche de alegria o coração e a vida do crente
Voltemos agora à carta do papa Francisco. Ela começa com as palavras que inspiraram o título do documento: "A alegria do Evangelho enche o coração e toda a vida de quem se encontra com Jesus". Há uma ligação entre o encontro pessoal com Jesus e a experiência da alegria do Evangelho. A alegria do Evangelho só pode ser experimentada mediante o estabelecimento de uma relação íntima, de pessoa a pessoa, com Jesus de Nazaré.
Se não queremos que as palavras sejam apenas palavras, temos de nos fazer, neste momento, uma pergunta: por que o Evangelho seria uma fonte de alegria? A expressão é apenas um slogan conveniente ou é a verdade? Mais ainda: por que o Evangelho é chamado assim,
euangelion, ou seja, boa notícia, alegre e jubilosa notícia? A melhor maneira de descobrir é olhar para o momento em que esta palavra faz a sua primeira aparição no Novo Testamento, nos lábios do próprio Jesus. Marcos, no início do seu Evangelho, resume em poucas palavras a mensagem fundamental que Jesus pregava nas cidades e vilas por onde passava depois do seu batismo no Jordão:
"Depois que João foi preso, Jesus foi para a Galileia proclamando o evangelho de Deus e dizendo: O tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo; convertei-vos e crede no Evangelho" (Mc 1, 14-15).
À primeira vista, não é exatamente uma notícia "alegre"; soa, antes, a um chamado severo, um apelo austero à mudança. É neste sentido que ele é proposto no início da Quaresma, no Evangelho do primeiro domingo e acompanhando o rito das cinzas sobre a cabeça: "Convertei-vos e crede no Evangelho!". Por isso, é vital compreender o verdadeiro significado deste início do Evangelho.
Antes de Jesus, converter-se significava "voltar atrás" (como indicado pelo próprio termo usado em hebraico para esta ação:
shub); significava voltar à aliança rompida, mediante uma renovada observância da lei. Diz o Senhor pela boca do profeta Zacarias: "Convertei-vos a mim [...], voltai atrás dos vossos caminhos perversos" (Zc 1, 3-4; cf. ainda Jr 8, 4-5). Converter-se, por conseguinte, tem um significado principalmente ascético, moral e penitencial, e é algo que se consegue através da mudança de conduta na vida. A conversão é vista como condição para a salvação; o sentido é “convertei-vos e sereis salvo; convertei-vos e a salvação virá para vós”.
Este é o significado predominante da palavra conversão nos lábios de João Batista (cf. Lc 3, 4-6). Mas, nos lábios de Jesus, o significado muda; não porque Jesus gostasse de mudar o significado das palavras, mas porque, com Ele, a própria realidade mudou. O significado moral passa para segundo plano (pelo menos no início da sua pregação) em comparação com um significado novo, até então desconhecido. Converter-se não significa mais voltar atrás; significa, antes, dar um salto para frente e entrar, mediante a fé, no Reino de Deus que está presente entre os homens. Converter-se é tomar uma "decisão propícia" diante da realização das promessas de Deus.
"Convertei-vos e crede" não significa duas coisas diferentes e sucessivas, mas a mesma ação: convertei-vos, ou seja, crede; convertei-vos crendo! É o que também afirma Santo Tomás de Aquino: "
Prima conversio fit per fidem", a primeira conversão consiste em crer
[3]. Conversão e salvação trocaram de lugar. Não é mais
pecado - conversão - salvação("Convertei-vos e sereis salvos: convertei-vos e a salvação virá a vós"), mas sim
pecado - salvação - conversão ("Convertei-vos porque fostes salvos, porque a salvação já veio a vós"). Os homens não mudaram, não são melhores nem piores do que antes; é Deus quem mudou e, na plenitude dos tempos, enviou o seu Filho para que recebêssemos a adoção como filhos (cf. Gal 4, 4).
Muitas parábolas evangélicas reiteram este feliz anúncio inicial. Uma delas é a do banquete. Um rei ofereceu um banquete pelo casamento do filho; na hora marcada, enviou os seus servos para chamar os convidados (cf. Mt 22, 1). Os comensais não tinham pagado o preço com antecedência, como nos almoços sociais; não, o banquete é gratuito. Trata-se apenas de aceitar ou recusar o convite. Outra é a parábola da ovelha perdida. Jesus a encerra com as palavras: "Digo-vos, pois, que há alegria diante dos anjos de Deus por um único pecador que se converte" (Lc 15,10). Mas em que consistiu a conversão da ovelha? Ela acaso voltou ao redil pelas próprias patas? Não, foi o pastor quem foi buscá-la e a trouxe de volta ao redil em seus ombros. Dela dependeu apenas deixar-se levar sobre os ombros.
São Paulo, em sua carta aos Romanos (3, 21 e seguintes), será o anunciante indômito dessa extraordinária novidade evangélica, depois que Jesus o fez viver a dramática experiência na própria vida. Ele relembra assim o fato que mudou o curso da sua história:
"Todas essas coisas [ser circuncidado, judeu, irrepreensível quanto à observância da lei], que para mim eram lucro, eu as considerei perda por causa de Cristo. Acredito, em verdade, que tudo é perda perante a sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor. Por ele eu abandonei todas essas coisas e as considero lixo para ganhar a Cristo e encontrar-me nele, tendo por minha justiça não a que vem da lei, mas a que vem da fé em Cristo, a justiça que vem de Deus, baseada na fé "(Fil 3, 7-9).
É por isso que o Evangelho se chama Evangelho e é por isso que ele é fonte de alegria. Ele nos fala de um Deus que, por pura graça, veio ao nosso encontro em seu Filho Jesus. Um Deus que "amou tanto o mundo que deu o seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3, 16).
Do Evangelho, muitos se lembram quase apenas da frase de Jesus: "Se alguém quiser seguir-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me" (Mt 16, 24), e estão convencidos de que o Evangelho é sinônimo de sofrimento e abnegação, não de alegria. Mas acaso nos aprofundamos no chamado "siga-me"? Até aonde? Até o Calvário, até a morte na cruz? Não! No Evangelho, esta é a penúltima etapa, nunca a última. Siga-me, por meio da cruz, até a ressurreição, até a vida, até a felicidade sem fim!
4. A fé e as obras e o Espírito Santo
Mas será que, assim, não reduzimos o Evangelho a uma única dimensão, a da fé, negligenciando as obras? E como conciliar a explicação recém-exposta com outras passagens do Novo Testamento, onde a palavra conversão é dirigida a quem já acredita? Aos apóstolos que o seguiam já fazia tempo, Jesus disse um dia: "Se não vos converterdes e vos tornardes como crianças, não entrareis no reino dos céus" (Mt 18,3); João, no Apocalipse, repete a cada uma das sete igrejas o imperativo "converte-te" (
metanoeson), cujo sentido inequívoco é “volta ao fervor primitivo, sê vigilante, cumpre as obras de antes, não te aninhes na ilusão de estares bem com Deus; sai da tua mornidão!” (cf. Ap 2-3).
Isto se explica através de uma simples analogia com o que acontece na vida física. A criança não pode fazer nada para ser concebida no seio da mãe; ela precisa do amor de pai e mãe, que lhe dão a vida; mas, uma vez dada à luz, tem de acionar os seus pulmões, respirar, sugar o leite, pois, do contrário, a vida recebida se apaga. É neste sentido que deve ser entendida a frase de São Tiago "A fé sem obras é morta" (Tg 2, 26), isto é: sem as obras, a fé "morre".
Este é também o sentido que a teologia católica sempre deu à definição paulina da "fé que se torna operosa por meio da caridade" (Gal 5, 6). Não se é salvo pelas boas obras, mas tampouco sem as boas obras: podemos resumir assim o que diz o Concílio de Trento sobre este ponto, que o diálogo ecumênico torna cada vez mais amplamente compartilhado entre os cristãos.
A exortação apostólica do papa Francisco reflete esta síntese entre a fé e as obras. Depois de começar a falar da alegria do Evangelho que enche o coração, ele recorda, no corpo da carta, todos os grandes "nãos" que o Evangelho pronuncia contra o egoísmo, a injustiça, a idolatria do dinheiro, e todo grande "sim" que ele nos anima a dizer ao serviço dos outros, ao compromisso social, aos pobres. É a demonstração de que o encontro pessoal com Jesus, do qual nos falava o começo da carta, é tudo menos uma experiência privatizada e individualista; ela se torna, pelo contrário, a mola mestra da evangelização e da santificação pessoal.
A necessidade de compromisso que o Evangelho envolve não atenua, no entanto, a promessa de alegria com que Jesus abre o seu ministério e o papa a sua exortação, e sim a reforça. Aquela graça que Deus ofereceu aos homens enviando o Seu Filho ao mundo, agora que Jesus morreu, ressuscitou e enviou o Espírito Santo, não deixa o crente sozinho, em luta com as exigências da lei e do dever; ela faz nele e com ele, mediante a graça, aquilo mesmo que lhe comanda: faz com que ele "superabunde de alegria inclusive na tribulação" (2 Cor 7,4).
Esta é a certeza com que o papa Francisco encerra a sua exortação. O Espírito Santo, recorda ele, "nos assiste em nossa fraqueza" (Rm 8,26; EG, nº 280). Ele é o nosso grande recurso. A alegria prometida pelo Evangelho é fruto do Espírito (Gl 5, 21) e não se mantém sem que seja graças a um contato permanente com Ele.
Em recente encontro com os líderes das fraternidades carismáticas, o papa Francisco usou o exemplo do que ocorre na respiração humana
[4]. Ela se realiza em duas fases: a
inspiração, com a qual recebemos o ar, e a
expiração, com que o colocamos para fora. Elas são, dizia ele, uma bela figura do que deve acontecer no organismo espiritual. Nós inalamos o oxigênio que é o Espírito Santo através da oração, da meditação da palavra de Deus, dos sacramentos, da mortificação, do silêncio; e derramamos o Espírito quando saímos ao encontro do outro, proclamando a fé e realizando as obras da caridade.
O tempo da Quaresma, que estamos apenas começando, é, por excelência, um tempo de
inspiração. Respiremos, neste tempo, profundamente; enchamos do Espírito Santo os pulmões da nossa alma, e, assim, sem percebermos, o nosso alento exalará o perfume de Cristo. Boa Quaresma a todos!
[1] Bento XVI, Discurso na Plenária do Pontifício Conselho para a Família, 2011.
[2] Novo millennio ineunte, 46.
[3] S. Tomás de Aquino,
Summa theologiae, I-IIae, q.113,a,4.
[4] Discurso aos membros da "Catholic Fraternity of Charismatic Covenant Communities and Fellowships", sexta-feira, 31 de outubro de 2014.
Fonte: Zenit
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