Tema: “Para que n’Ele nossos povos tenham vida”
Lema: “Anunciar o Evangelho e doar a própria vida” (cf. 1Ts 2,8)
Setembro na Igreja é conhecido como Mês da bíblia. Esta iniciativa da Igreja no Brasil de dar uma ênfase maior a Palavra de Deus neste mês surgiu em 1971, com o objetivo de oferecer um espaço especial para o aprofundamento de um livro ou tema bíblico, no contexto da nossa caminhada eclesial. A escolha do mês de setembro está ligada a memória litúrgica de São Jerônimo, celebrada no dia 30, ele é o padroeiro de todos os que se dedicam ao estudo da Bíblia. É de São Jerônimo a frase: “Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo”.
Como nos ensina o Concílio Vaticano II: “A Igreja teve sempre em grande veneração as divinas Escrituras, como fez com o próprio corpo do Senhor, não deixando jamais, sobretudo na Sagrada Liturgia, de se alimentar do pão da vida à mesa, quer da Palavra de Deus, quer do corpo de Cristo, e de o distribuir aos fiéis. Sempre as considerou, e continua a considerar, juntamente com a Sagrada Tradição, como regra suprema de fé; elas, com efeito, inspiradas como são por Deus e exaradas por escrito uma vez para sempre, continuam a dar-nos imutavelmente a Palavra do próprio Deus e fazem ouvir a voz do Espírito Santo através das palavras dos profetas e dos apóstolos” (Constituição Dogmática Dei Verbum, n° 21).
O método mais prático de acesso a Bíblia é a Lectio Divina, significa Leitura Orante da Bíblia. Este método foi sistematizado no século XII, pelo monge Guigo. É o método de leitura bíblica que a Igreja mais incentiva e promove, segue os passos tradicionais: Lectio (Leitura); Meditatio (Meditação); Oratio (Oração) e Contemplatio (Contemplação). Como indicou o Papa Emérito Bento XVI: “Quando promovida eficazmente, a Lectio Divina traz à Igreja uma nova primavera espiritual”.
Procuremos nos valer deste método para viver intensamente o Mês da Bíblia deste ano, que tem como tema: “Para que n’Ele nossos povos tenham vida”. Foi retirado do Documento de Aparecida, que estabelece uma conexão profunda entre o discipulado e missão. Já o lema escolhido para este Mês da Bíblia é: “Anunciar o Evangelho e doar a própria vida (cf. 1Ts 2,8). Somos convidados a Leitura Orante da Primeira Carta aos Tessalonicenses, que é um escrito muitíssimo importante do Novo Testamento, pois tanto Paulo como os fiéis da comunidade de Tessalônica se deixam conhecer nas páginas.
A introdução da Primeira Carta aos Tessalonicenses, feita na Bíblia Sagrada, Tradução da CNBB, nos oferece valiosas pistas em relação ao conteúdo geral, certamente nos ajudarão na Lectio Divina. É o escrito mais antigo do Novo Testamento, é uma espécie de filha primogênita. Paulo escreveu esta carta à Comunidade de Tessalônica, que ele próprio fundou, acompanhado por seu discípulo Timóteo. É uma verdadeira carta pastoral. O Apóstolo instrui o seu rebanho, para fortalecê-lo em sua jornada de fé.
Alguns temas específicos são abordados ao longo da Carta: a pregação do Evangelho aos povos fora do judaísmo (1,2-10), a respeito da Palavra de Deus (2,13) e da santificação da vida (4,1-12). Merecem um destaque especial suas orientações a respeito da segunda vinda de Jesus (4,13–5,10), o que importa é viver na santidade para que o reencontro com o Senhor seja uma grande alegria (5,12-22). O Apóstolo temendo que o seu trabalho caísse no esquecimento (3,5), por conta das perseguições, escreveu rapidamente esta breve Carta, com apenas cinco capítulos e um rico conteúdo pastoral e espiritual.
Seguindo a proposta da Igreja no Brasil para este Mês da Bíblia, procuremos ler em espírito de oração e escuta profética a Primeira Carta aos Tessalonicenses, de forma particular e compartilhada, para superarmos tudo aquilo que ameaça a vida com Deus, com os irmãos da caminhada e na sociedade que estamos inseridos. Ler, meditar, rezar e comprometer-se com a Palavra de Deus, aí está o caminho para fomentar a “Cultura de Pentecostes” e construir a “Civilização do Amor”.
Um excelente Mês da Bíblia!
Pe. Gustavo Sampaio
Assessor Eclesiástico da RCC na Diocese de Taubaté