A Renovação Carismática Católica é aquela corrente de graça que, nestes tempos, atualiza a experiência de Pentecostes em nossa vida, a partir do Batismo no Espírito Santo.
O evangelista Lucas, autor dos Atos dos Apóstolos, vai dizer que o Espírito Santo veio no dia de Pentecostes e encontrou todos reunidos no mesmo lugar. Essa unidade de Pentecostes não é uma unidade em sentido físico ou espacial, mas uma unidade de coração e de objetivo, pois, por mais que estivessem na Sala do Cenáculo, com medo das perseguições, esperavam, firmemente, o cumprimento da promessa do Pai a respeito da vinda do Espírito Santo.
Quando o Espírito vem em Pentecostes, independente da nacionalidade, todos se entendem, pois Ele une os presentes numa mesma língua, que é a língua do amor, e desfaz a confusão ocorrida em Babel.
A unidade nos faz participantes da vida divina, nos leva a fazer a vontade do Senhor e nos faz Igreja. Vamos entender isso.
Por que ela nos faz participantes da vida divina? A unidade é um dom de Deus. No seio Trinitário, as Três Pessoas divinas vivem uma unidade profunda entre si, unidade esta também entendida como comunhão ou comum unidade. Uma vez que as Três Pessoas vivem uma unidade perfeita, nós também, criados à Sua Imagem e Semelhança, somos chamados a viver em comunhão uns com os outros, como forma de participação nessa vida divina. Em outras palavras, não somos nós que, primeiramente, vivemos em unidade; Deus a viveu primeiro, e nós a vivemos por participação. O Deus Uno e Trino, ao criar o ser humano, marcou a sua criatura com a necessidade de estabelecer relações sociais (cf. Gn 2, 18).
Por que ela nos leva a fazer a vontade do Senhor? Jesus, em sua oração sacerdotal, no capítulo 17 do evangelho de João, também manifesta o desejo de que sejamos “um”, para que o mundo creia. A unidade é vontade de Deus, revelada a nós por Jesus. Deus é Pai, Jesus é o Filho unigênito e nós somos seus filhos por adoção. Sendo filhos de um mesmo Pai, somos todos irmãos, e, consequentemente, o Pai deseja ver seus filhos unidos. Jesus chega a dizer que é necessário sermos “um”, para que o mundo creia, e se o mundo ainda não crê, é porque, provavelmente, estamos em débito neste aspecto.
Por que ela nos faz Igreja? É oportuno observar que a unidade é uma das marcas da Igreja (Una). Tradicionalmente, verificamos essa unidade na doutrina (uma só fé, um só credo), na liturgia e no governo (Papa). Na Sagrada Tradição, Cipriano de Cartago nos diz que a Igreja é o povo de Deus reunido na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A eclesiologia do Vaticano II, mediante as outras expressões cristãs, vai trabalhar a unidade de maneira mais ampla, enfatizando, inclusive, a necessidade de os fiéis buscarem a perfeição da unidade no relacionamento para com os irmãos também de outras denominações.
A unidade é desejo de Deus para nossas vidas, mas deve ser prática e não demagógica.
A Renovação Carismática Católica é nossa forma de ser Igreja. A Igreja é una, animada pelo Espírito Santo, que une o Pai e o Filho no amor. Sendo Igreja e vivendo uma espiritualidade pneumática por excelência, a nossa responsabilidade em promover a unidade se torna ainda maior. Uma vez que não somos nós quem unimos, e sim o Espírito Santo, o carismático precisa entender que o dom da unidade está ligado à experiência essencial de nosso movimento. Fomos batizados no Espírito, que é o primeiro promotor de unidade; consequentemente, também nós somos promotores de unidade.
Ouso dizer ainda que a unidade para os carismáticos deve ser um estilo de vida, que, por graça, o Espírito Santo infunde em nós, como nos diz o salmista: “Oh, como é bom, como é agradável para irmãos unidos viverem juntos” (cf. Sl 133, 1). O Espírito Santo gera na vida daquele que está cheio de sua graça o anseio pela unidade; em outras palavras, podemos dizer que o Espírito Santo gera a satisfação de vivermos unidos com os irmãos. Por isso, esperamos de forma ansiosa o momento de estarmos com eles, seja no Grupo de oração, nos eventos diocesanos ou estaduais, pois é grande a alegria de nos reencontrarmos, embora, por motivos geográficos, nem sempre isso seja possível.
Recordo-me de uma canção muito antiga, em que se diz: “Cada um por um caminho veio e hoje estamos todos juntos guiados pelo Espírito de Deus”. O Jubileu de Ouro é a ocasião de celebrarmos uma história construída pelo Espírito, que encontrou homens e mulheres advindos de diferentes caminhos, mas, no coração, unidos em torno de um único objetivo: fazer com que todos os povos da Terra sejam batizados no Espírito Santo.
Estamos às portas do Congresso Estadual Jubilar e teremos a oportunidade de fazer história, transformando o Centro de Eventos de Aparecida num grande Cenáculo, onde todos nós, membros deste movimento, unidos como irmãos, guiados pelo Espírito Santo, não só atualizaremos a experiência de Pentecostes, mas contemplaremos também o derramar do Espírito em línguas de fogo, além de um grande derramamento do amor fraterno, unindo-nos ainda mais! Profeticamente declaro que este Congresso Estadual Jubilar fortalecerá ainda mais nossos grupos de oração, nossas dioceses, nossos servos e lideranças, como toda a Renovação Carismática Católica do Estado de São Paulo. Una-se a nós e não fique de fora! A unidade realiza milagres, e veremos um milagre de reavivamento acontecendo em nosso Estado, pela unidade vivida e testemunhada entre nós!
Huanderson Silva Leite*
*Graduado em Comunicação Social e Teologia, é formador Bíblico do Seminário Propedêutico da Diocese de Campo Limpo e professor de Sagrada Escritura no Curso “Quelle” de Campo Limpo, Osasco e Mogi das Cruzes. É fundador da Comunidade Católica Ruah Adonai. Membro da Equipe de Serviço do ENCRISTUS nacional. Faz parte da Renovação Carismática Católica há 18 anos, sendo, por cinco anos, coordenador do Ministério de Pregação e, por quatro anos, coordenador geral da RCC Diocesana de Campo Limpo. Atualmente coordena a Comissão do Diálogo Ecumênico da RCC do Estado de São Paulo.