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Durante muitos séculos foi pensado que só os consagrados e os religiosos estivessem obrigados a seguirem e a viverem os preceitos evangélicos, mas o Evangelho é para ser vivido por todos os cristãos. Devemos testemunhar Cristo a partir do estado de vida que o Senhor desejou para cada um, seja Monge ou Casado, ambos devem contribuir para que Jesus seja conhecido e amado.
Os casados não imitam um estilo de santidade que funciona para os monges e religiosos. Os casados devem se ajudar mutuamente a conservar a graça no decurso de sua vida. O esposo ajuda a esposa e vice versa, um apoiando o outro no caminho de santidade.
No quinto capítulo da "Lumen Gentium", lemos o título: "Vocação universal à santidade". Quer dizer, ser santo não é um privilégio dos monges ou de uma elite, mas é algo destinado a todo e qualquer batizado.
São Paulo escreveu que Cristo amou a Igreja como se fosse sua esposa, a fim de santificá-la. Todos os fiéis cristãos são chamados à santidade e à perfeição da caridade. A passagem de imperfeitos para perfeitos se dá sempre a partir do amor (Fl. 3,12).
O amor é o que dá sentido à vida, o que dá sentido ao casamento. A maior garantia para que o amor dos cônjuges não desapareça, mas, ainda se torne mais profundo e mais verdadeiro através dos anos, é estar o casal constantemente em busca do relacionamento sincero e amigo entre si e com Deus.
Pois, para sustentar as lutas do dia-a-dia é preciso muito mais do que palavras, e sim atitudes de confiança em Deus que é o centro da família, caso contrário iremos ser vencidos pelas preocupações e perturbações desse mundo ferido, árido e carente do amor de Deus.
O tempo que dedicamos a uma determinada coisa, nos mostra, em geral, o quanto ela nos vale, o caminho de um matrimonio vitorioso é através de passos concretos e não de saltos... Isto exige tempo, dedicação, renúncia, anulação, e sobre tudo muito amor a nossa família, o bem mais precioso que Deus nos presenteou.
Na família, pelo exemplo dos pais, as crianças aprendem o verdadeiro sentido da comunhão com Deus e de Amor sincero. O compromisso total do casal sacramentado ensina-lhes o compromisso para com os outros: o amor doação, da qual tanto carece nossa sociedade atual.
A verdadeira espiritualidade “Familiar e Conjugal” ajuda a vencer o imprevisível juntos, confiantes de que a família não se romperá devido a problemas e adversidades que surge ao longo da vida.
Todos nós conhecemos famílias, onde os filhos são às vezes, completamente opostos aos pais.... É preciso muita paciência e oração para ver a mudança concreta. Só a paciência dá a dimensão do profundo sentido da esperança. A caminhada para a glória e a santidade se faz com paciência.
É muito bom louvar a Deus quando as coisas na família caminha tranquilamente, difícil é quando surge situações inusitadas, como: O filho que saiu de casa para morar com a namorada, sem estar casado... Quando a filha anuncia que está gravida e que não sabe quem é o pai... Ao descobrir que um filho está envolvido com drogas... ou que está tendo um caso homossexual.
Nesses momentos, devemos deixar de amá-los? Deixar que família se deteriore? NÃO, Claro que não, jamais...é aí nesse momento que devemos ter paciência e confiar que o Deus a quem servimos nos conceda força e sabedoria para lidar com essas situações, mesmo diante de tais crises familiares.
Em tempo de crise deve prevalecer o espírito de oração. A crise não deve interromper o diálogo com Deus, pelo contrário, intensificar mais a vida de oração, os sacramentos, a eucaristia e a contemplação da Palavra de Deus, são as garantias que iremos superar todas essas adversidades.
Nada é mais motivador que um casal vivendo uma espiritualidade forte. Sua capacidade para enfrentar problemas e sua fé ajudam outros casais a lutar e a acreditar que é possível vencer.
Se analisarmos o mundo de hoje, e dentro dele a Igreja, veremos que a maior carência existente é de um amor misericordioso, vivificante e generoso. Por isso devemos apresentar Jesus Vencedor na vida de um Casal Sacramentado que luta por viver o amor. Somente esse testemunho da luta pela família, é suficiente como influência em um mundo que, como todos sabemos, precisa experimentar a Civilização do Amor.
A sociedade de hoje é o fruto da ausência desse amor evangélico. Em grande medida, as tremendas injustiças sociais, a corrupção e os contra valores que se veem na sociedade devem-se fundamentalmente à ausência da formação, que poderia ser recebida numa família que se assume como sinal de amor.
As grandes manifestações de desequilíbrio, presentes em parte importante de nossa juventude, como o uso de drogas e a falta de significado para a vida, em muitos casos, vêm da desestruturação familiar em que os jovens têm sido criados.
Precisamos viver cada dia e vencer todas as intempéries, com muito discernimento a luz dos ensinamentos bíblicos e da Igreja Católica.
A Igreja Católica preocupada nos dias atuais, o Papa Francisco vem nos orientar através de sua Exortação Apostólica sobre as famílias propondo uma fecunda e sólida espiritualidade. O objetivo do Pontífice é sempre mais estreitar os laços entre os esposos e fazer com que a família seja um lugar de misericórdia e, sobretudo, onde o amor seja o critério de tudo. A exortação é um itinerário espiritual rico e de grande significado.
A família deve ser um lugar onde Deus se faça presente sempre, mesmo nas dificuldades. Francisco pede que os noivos não se iludam com uma vida fácil, mas enfrentem o matrimônio assumindo os riscos e com profunda confiança em Deus. “Em suma, a espiritualidade matrimonial é uma espiritualidade do vínculo habitado pelo amor divino” (AL 315).
A vida do casal deve ser sempre um caminho diário de santificação, mesmo com as intempéries, é preciso sempre discernimento. É sempre necessário pensar o vínculo à luz do Evangelho, Jesus sempre é o critério, sempre a resposta. A família é sinal da Trindade Santa. Deus não quis viver em uma solidão, mas quis estar em comunhão sempre.
Jesus nasceu e foi educado no seio familiar em Nazaré, esse fato incidiu sobre sua vida e sua pregação. Evidentemente que também a família de Nazaré teve seus obstáculos e os enfrentou à luz da fé. O Papa faz uma indicação para os casais em dificuldade: “nos dias amargos da família, há uma união com Jesus abandonado, que pode evitar uma ruptura […]. Por outro lado, os momentos de alegria, o descanso ou a festa, e mesmo a sexualidade são sentidos como uma participação na vida plena da sua Ressurreição” (AL 317).
A Eucaristia é o alimento que sustenta o matrimônio e, a partir dela, cada família caminha sempre na lucidez que a faz enxergar a possibilidade do insucesso, mas, sobretudo, permite enxergar a saída. Faz- se necessário ter paciência com Deus e Suas decisões.
O Papa ainda afirma que: “é preciso que o caminho espiritual de cada um […], o ajude a desiludir-se do outro, a deixar de esperar dessa pessoa o que é próprio do amor de Deus. Isto exige um despojamento interior. O espaço exclusivo, que cada um dos cônjuges reserva para a sua relação pessoal com Deus, não só permite curar as feridas da convivência, mas possibilita também encontrar no amor de Deus o sentido da própria existência” (AL 320).
A família foi sempre um hospital para o próximo, urge cuidado recíproco e cuidado com os outros. Nesse aspecto é preciso pensar sobre a fecundidade pastoral, ela “implica promover, porque “amar uma pessoa é esperar dela algo indefinível e imprevisível; e é, ao mesmo tempo, proporcionar-lhe de alguma forma os meios para satisfazer tal expectativa” (AL 322).
É preciso apostar no amor mútuo que ajuda a resolver as dificuldades pacientemente, no cotidiano da história, nas suas contingências. A fé é sempre a saída, pois ela leva sempre a Jesus que é o critério último para tudo.
Como dizia São João Paulo II: “O futuro da humanidade passa pela família!”
Marcelo Marangon
Secretário-geral da RCC-SP
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