É com tristeza que recebemos a notícia do falecimento de Dom Paulo Evaristo Arns, Cardeal emérito da Arquidiocese de São Paulo nesta manhã de quarta (14/12). Contudo, conforme seu lema, “De esperança em esperança” cremos que hoje está na glória de Deus, na morada eterna do Senhor. Louvamos ao Pai por seu testemunho fiel ao Evangelho e por seus feitos e frutos que deixa conosco neste mundo. Descanse em paz, Dom Paulo, e desde já rogamos vossa intercessão por todos nós.
O Cardeal Paulo Evaristo Arns faleceu nesta manhã, às 11h45, devido a complicações em seu estado de saúde em decorrência de sua idade avançada. Aos 95 anos de idade, Dom Paulo acumulou 76 anos de consagração religiosa, 71 anos de sacerdócio ministerial, 50 de episcopado e 43 anos de cardinalato.
Em nota emitida pela Arquidiocese de São Paulo, o Cardeal Odilo Pedro Scherer convida “todos a elevarem preces de louvor e gratidão a Deus e de sufrágio em favor do falecido Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns. Convido também a participarem do velório e dos ritos fúnebres que serão realizados na Catedral Metropolitana de São Paulo”.
Biografia de Dom Paulo
Dom Paulo Evaristo Arns (O.F.M.) nasceu em Forquilhinha (SC) em 14 de setembro de 1921. Era o quinto de treze filhos do casal Gabriel Arns e Helena Steiner, descendentes de imigrantes alemães. Três de suas irmãs são freiras e um irmão pertence à Ordem dos Frades Menores. Dona Zilda Arns, morta no terremoto do Haiti em 2010, era uma de suas irmãs.
Realizou seus estudos fundamentais em Forquilhinha. Mais tarde ingressou no Seminário Seráfico São Luís de Tolosa, em Rio Negro (PR). Em 1940, entrou no noviciado, em Rodeio (SC). Posteriormente cursou Filosofia em Curitiba e Teologia em Petrópolis.
Foi ordenado sacerdote em Petrópolis em 30 de novembro de 1945, pelo Arcebispo de Niterói Dom José Pereira Alves. Ali exerceu seu ministério por dez anos junto aos mais desfavorecidos. Contemporaneamente lecionou no Teologado Franciscano e na Universidade Católica de Petrópolis. Mais tarde, cursou Letras na Universidade Sorbonne, em Paris, onde se doutorou em 1952. Ao retornar ao Brasil lecionou nas Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras de Agudos e Bauru. Mais tarde voltou à Petrópolis, onde continuou seu trabalho junto aos mais necessitados.
Ordenação Episcopal
Em 2 de maio de 1966, aos 44 anos, foi eleito Bispo titular de Respecta e auxiliar de São Paulo, recebendo a ordenação em 3 de julho de 1966, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus em Forquilhinha, sendo sagrante principal o Arcebispo de São Paulo, Dom Agnelo Rossi, e consagrantes Dom Anselmo Pietrulla OFM, então Bispo de Tubarão, e Dom Honorato Piazera SCI, então Bispo coadjutor de Lages.
No dia 22 de outubro de 1970, foi nomeado por Paulo VI como Arcebispo Metropolitano de São Paulo, tomando posse em 1º de novembro de 1970. Exerceu o cargo até 15 de abril de 1998, quando renunciou, por limite de idade. Desde então detinha o título de Arcebispo-emérito de São Paulo. Tinha por lema inscrito em seu brasão "EX SPE IN SPEM" (De Esperança em Esperança).
Cardinalato
Dom Paulo foi criado Cardeal pelo Papa Paulo VI no Consistório de 5 de março de 1973, passando a ser Cardeal-presbítero de Santo Antônio de Pádua, na Via Tuscolana. Como Cardeal eleitor participou dos Conclaves de agosto e de outubro de 1978. Participou também, como não-votante, dos Conclaves de 2005 e de 2013. Em 9 de julho de 2012 tornou-se o Protopresbítero do Colégio dos Cardeais, por ser aquele que há mais tempo foi elevado à dignidade cardinalícia entre todos os cardeais-presbíteros, sendo também o mais antigo de todos os membros do Colégio Cardinalício.
Ação Pastoral
A ação pastoral de Dom Paulo foi voltada aos habitantes da periferia e trabalhadores, à formação de Comunidades Eclesiais de Base nos bairros. Sua forte atuação o levou a ser conhecido como “o Cardeal dos Direitos Humanos”, tendo sido o fundador da Comissão Justiça e Paz de São Paulo.
Durante a ditadura militar, na década de 1970, notabilizou-se na luta pelo fim das torturas e restabelecimento da democracia no país. Ao lado do pastor presbiteriano Jaime Wright, coordenou o projeto Brasil Nunca Mais, que reuniu documentos onde era denunciada a prática de crimes cometidos por agentes de Estado contra presos políticos. Na obra são relatados métodos de tortura e acusações ilegais. Em 1972, criou a Comissão Brasileira Justiça e Paz, que articulou denúncias contra abusos do regime militar.
Enquanto Arcebispo de São Paulo instituiu novas regiões episcopais (divisões da Arquidiocese de São Paulo) e quarenta e três novas paróquias. Incentivou a Pastoral da Moradia e a Pastoral Operária.
Em 22 de maio de 1977 recebeu o título de "Doutor Honoris Causa" (juntamente com o presidente norte-americano Jimmy Carter) da Universidade de Notre Dame, Indiana, Estados Unidos. A distinção, concedida também ao Cardeal Kim da Coreia do Sul e ao Bispo Lamont da Rodésia, deveu-se ao seu empenho em prol dos direitos humanos.
Em 3 de junho de 1980 recebeu , em São Paulo o Papa João Paulo II. Em 30 de novembro de 1984 inaugurou a Biblioteca Dom José Gaspar.
Em 1985, com a ajuda de sua irmã, a pediatra Zilda Arns Neumann, implantou a Pastoral da Criança.
Em 1989 a Arquidiocese de São Paulo, por decisão do Papa João Paulo II, teve seu território reduzido com a criação das novas Dioceses: Osasco, Campo Limpo, São Miguel Paulista e Santo Amaro.
Em 1992, Dom Paulo criou o Vicariato Episcopal da Comunicação, com a finalidade de fazer a Igreja estar presente em todos os meios de comunicação. Em 22 de fevereiro de 1992 inaugurou uma nova residência destinada aos padres idosos, a Casa São Paulo, ano em que também criou a Pastoral dos Portadores de HIV. Em 1994 criou o Conselho Arquidiocesano de Leigos.
Em 1996, ao completar 75 anos, apresentou renúncia ao Papa João Paulo II por limite de idade. Desde então tornou-se Arcebispo emérito de São Paulo, sendo substituído por Dom Frei Cláudio Cardeal Hummes.
Com informações da Rádio Vaticano.
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