Retorne sobre os seus passos

Pe. Secondin desenvolve meditações para o Papa e a Cúria Romana nos Exercícios Espirituais. O que fazes aqui? O que procuras? Te deixas surpreender por Deus? Queres entender para onde desejas ir? Então recai em ti. Começou com perguntas e convites dirigidos diretamente ao coração dos presentes o quarto dia dos exercícios espirituais quaresmais para o Papa e a Cúria romana, na casa Divino Mestre dos religiosos paulinos em Ariccia. O carmelita difundiu estas solicitações na primeira meditação de quarta-feira (25) que, depois das reflexões dedicadas a recuperar a própria verdade interior e a liberdade de adesão à proposta de Deus, abriu ao caminho rumo àquela proposta. A contrastada vicissitude do profeta Elias que se compromete com zelo e furor sagrado, mas com um egocentrismo exasperado, para defender a aliança entre o Senhor e o seu povo, e que se encontra exausto, derrotado e amedrontado numa caverna do monte Oreb, continuou a inspirar as reflexões do pregador. Na meditação vespertina de terça-feira (24), o religioso completou a proposta de avaliação da consciência, analisando precisamente a trágica situação de Elias que, como narra o capítulo 19 do primeiro livro dos Reis, que se encontra num estado de depressão mortal, amedrontado, em fuga, sozinho, exausto, desiludido com a própria falência. Um estado de depressão, disse o padre Secondin, que não é raro, até na vida sacerdotal. Muitos cedem, também entre os sacerdotes. Portanto, é preciso prestar atenção a determinados sinais que poderiam transformar-se em enormes dificuldades interiores. Antes de tudo o medo. Emerge quando tememos o futuro, assumir as responsabilidades. E pode estar acompanhado pela solidão, por se sentir excluído ou diverso, pelo sentido de vazio dado por uma vida árida, desiludida pelos insucessos, pelo colapso psicofísico e pela auto-acusação (o próprio Elias diz: não sou melhor que os meus pais). Tudo isto pode acabar na fuga – podendo esta ser física ou imaginária – ou na repetição obsessiva de determinados gestos (como consumir álcool e comida ou as evasões no mundo virtual), ou até no desejo de morrer. Para evitar tudo isto é importante levar uma vida na qual a relação entre trabalho, repouso, oração e relacionamentos sociais seja bem equilibrada. Reconhecer quanto antes certas dinâmicas interiores, sinais de stress, é fundamental para poder encontrar a solução que é enunciada na narração bíblica através da intervenção do anjo que conforta Elias e o convida a ir para o Oreb. Elias – explicou o carmelita – precipitado no inferno, conhece a transformação da fuga receosa que se torna peregrinação. E nós, perguntou, na dificuldade sabemos reconhecer ao nosso redor a mão do anjo?. Assim como o pão foi sustento para Elias, reconhecemos nós na Eucaristia o viático que nos acompanha?. Assim como a viagem levou Elias às raízes da aliança, também nós sabemos voltar às raízes da nossa fé? Quando a verdade abre caminho no nosso íntimo e nos predispomos para a escuta, podemos alcançar o confronto com Deus. E a manifestação misteriosa da qual fez experiência Elias no Oreb, o sussurro de uma brisa leve sobre o qual tantos exegetas refletiram, pode sugerir muito à meditação pessoal. O Padre Secondin, na meditação da manhã de quarta-feira, repercorreu pormenorizadamente o diálogo entre Deus e Elias. O profeta é caracterizado por um eu hipertrófico que o leva a considerar-se o umbigo do mundo: nesta óptica, a sua derrota poderia parecer a derrota de Deus. O Senhor deixa-o falar no seu solilóquio hipertrófico, quer que Elias se deixa decompor e realize uma catarse profunda. Surpreende-o com a pergunta: O que fazes aqui?. Deus apresenta-se com uma pergunta e obriga o homem a olhar para dentro de si, a dar voz às inquietações que traz em si. Às vezes, advertiu o pregador, também para nós Deus torna-se uma espécie de ornamento; e corremos o risco de o manipular com a mesma fúria que parece penetrar o profeta. Mas Deus é livre diante dos poderosos e também da fúria de Elias: a falência de Elias não perturba Deus, que já tem o seu desígnio e um povo que lhe permaneceu fiel. Elias sente-se abalado. O vento impetuoso, o terramoto, o fogo no qual o profeta não encontra Deus poderiam ser – supôs o Padre Secondin – projeções de estados interiores de uma pessoa que sente que o mundo inteiro lhe caiu em cima. Desta lectio, explicou o pregador, devem brotar algumas perguntas pessoais: Também nós temos alguma Jezabel que nos arruína a vida? Estamos obcecados por problemas com outras pessoas, ou de trabalho, de carreira?, Como nos relacionamos com Deus? Sabemos permanecer em adoração temente a Deus que passa?. Dado que o Senhor é intimidade, temos o hábito de estar com ele na intimidade?. Ou há vozes ensurdecedoras (sucesso, vaidade, dinheiro, culpas dos outros) que nos distraem? Enfim – recordando os sete mil israelitas que permaneceram fiéis ao Senhor – damo-nos conta de que podem representar a fidelidade silenciosa de um povo? E quem medita deve também perguntar-se: sou capaz de compreender e interceptar esta fidelidade, sou capaz de ouvir os ultrassons dos pobres, dos simples, dos pequeninos, que são dons preciosos e não fragmentos perdidos?. As respostas podem encontrar um apoio na reação de Deus na narração bíblica. Elias queria acabar ali, morrer no monte Oreb, onde a aliança tinha tido início; mas Deus manda-o de novo para uma nova estação. Também nós somos chamados a ver sinais de futuro nas nossas raízes, a reencontrar vigor, a pôr-nos a caminho. E se, como Elias, nos sentimos desiludidos, cansados, acreditamos que somos os melhores de todos e pensamos que o mundo é habitado só por demônios desenfreados, deixemo-nos surpreender por Deus e iniciemos um caminho novo. Eis o convite com o qual o pregador concluiu a meditação: Recai em ti!. Uma exortação que o Padre Secondin enriqueceu com uma série de sugestões concretas, convidando a partilhar os próprios bens materiais com os mais pobres, a abrir os armários cheios de paludamentos inúteis e deitá-los fora, a abrir os braços para se reconciliar sinceramente com quem não suportamos, e abrir os horizontes para a verdade polifônica, a beleza das culturas e a riqueza das tradições para admirar o que Deus criou de bom. Enfim, o carmelita exortou: Dá passos rumo às periferias, vai celebrar nas barracas, almoçar com quem tem pouco para comer. Entenderás onde Deus te espera. Fonte: Zenit
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